O CLP – Liderança Pública conversou com Rosandra Elizabeth Padron, funcionária de carreira de Santos e Líder MLG que atuou na concepção e desenvolvimento da área de Gestão de Pessoas em Santos (SP). Rosandra comenta sobre a importância do investimento e formação do capital humano no setor público.

“Desenvolver bons projetos é fundamental, mas quem irá executar essa proposta precisa estar envolvido e convencido. Quem atende o cidadão é o médico, o enfermeiro, a funcionária concursada no balcão e não quem elaborou o projeto.”

Rosandra Padron

Como é a área de Gestão de Pessoas nos municípios?

A área se originou do departamento de RH – no qual o foco se resumia à remuneração dos funcionários e o atendimento às burocracias com uma visão estratégica reduzida.

Hoje, as prefeituras trabalham com nomenclaturas novas como gestão estratégica, gestão de pessoas, mas muitas mantém o perfil de lidar apenas com pagamentos e contratações.

Poucas cidades investem em programas de capacitação e em tecnologias que aprimorem o serviço público.

Por que investir em capital humano no setor público?

O executivo pode elaborar boas políticas públicas com planos de metas e indicadores bem estruturados. Porém, por mais que os servidores estejam conscientes dessa estratégia, se não houver participação, capacitação e metodologia para engaja-los e motivá-los, o projeto não irá acontecer.

Desenvolver bons projetos é fundamental, mas quem irá executar essa proposta precisa estar envolvido e convencido. Quem atende o cidadão é o médico, o enfermeiro, a funcionária concursada no balcão e não quem elaborou o projeto. Por isso é importante o investimento em formações e o alinhamento entre as pessoas que pensam e executam.

Como capacitar e formar uma boa equipe com recursos financeiros escassos?

Existem possibilidades não onerosas ao poder público, como formações em escolas de governos, plataformas de ensino à distância, parceria com universidades. A Escola Nacional de Administração Pública (ENAP) e o CLP – Liderança Pública, por exemplo, oferecem uma série de cursos bons e gratuitos que podem ser utilizados pelos municípios.

A motivação não vem só da parte financeira. Políticas de valorização, divulgação e gratificações por desempenho são práticas que fazem a diferença no dia a dia do servidor.

Além disso, é importante levantar a bandeira do propósito, no qual cada funcionário entenda o impacto do seu trabalho e sinta que faz diferença.

O que mudou em Santos após os trabalhos com foco em pessoas?

Além dos resultados efetivos dos programas, o envolvimento das pessoas e o aumento da satisfação dos munícipes, um dos maiores ganhos foi a transparência. Por conta da remuneração variada, houve uma forte preocupação com a divulgação das informações e a confiança na prefeitura.

Quais ações de gestão de pessoas você implementou em Santos?

As estratégias de Gestão de Pessoas foram implementadas num contexto positivo economicamente, o que permitiu uma variedade de ações, como:

• A avaliação por desempenho;

• Gratificações e reconhecimento dos(as) servidores(as);

• O programa Participação Direta nos Resultados (PDR), que beneficia os servidores com um 14º salário quando a área ou secretaria bate as metas estabelecidas;

• Um plano de cargos com licença acadêmica remunerada para professores da educação; e

• Adicionais de titularidade, entre outros exemplos.

Mais sobre o Programa Participação Direta nos Resultados

O Programa Participação Direta nos Resultados (PDR) é um programa municipal de modernização administrativa, no qual a prefeitura de Santos se compromete a realizar uma gestão de pessoas baseada em meritocracia. Ele foi desenvolvido em 2012, pela equipe técnica da própria prefeitura, com apoio da Fundação Vanzolini.

Atualmente, o programa está em funcionamento em toda a administração direta da prefeitura, assim como nas empresas públicas e empresas com participação majoritária da prefeitura. São mais de 15.000 servidores atingidos pelo projeto, em 28 órgãos e secretarias.

Os servidores são reconhecidos e valorizados com base em metas e métricas. Todas as secretarias têm visão, missão, valores e objetivos estratégicos.

Essa nova cultura organizacional também auxiliou a prefeitura a atravessar os anos de crise, de 2014 a 2016, pois muitas metas estão atreladas à economia de despesas de custeio, e isso foi muito importante para que o município pudesse manter o equilíbrio fiscal, o que é um grande desafio na realidade dos demais municípios brasileiros.

O papel da líder MLG, Rosandra Elizabeth Padron,  foi organizar e interagir com todos os envolvidos na linha do tempo do programa. Não só na criação, mas também na implementação, no monitoramento e na sua transição da Secretaria de Gestão para a Secretaria de Ouvidoria, Transparência e Controle.

Alguns dos principais benefícios do PDR são:

• Aprimoramento dos modelos de gestão;

• Melhoria da qualidade de eficiência dos serviços públicos; e

• Valorização do servidor por meio de bonificação.

Recentemente, Rosandra compartilhou uma cartilha, em parceria com a Comunitas, com o objetivo de divulgar sua experiência na cidade de Santos, trazendo os desafios e os aprendizados ocorridos no processo de implementação do Programa Participação Direta nos Resultados.

A líder MLG acredita que o programa seja um legado deixado com a função de inspirar e motivar outras prefeituras ou órgãos estaduais e federais em adotar uma política de meritocracia em sua gestão.

“Enquanto líder MLG acredito que ao apresentarmos o programa PDR, em formato de Manual Técnico, com conteúdo acadêmico primoroso, estamos também fortalecendo a rede de líderes públicos do Brasil.”

Rosandra Elizabeth Padron

 

—

Rosandra Elizabeth Padron é funcionária de carreira e trabalhou como Secretária Adjunta de Gestão auxiliando na estruturação da estratégia de Gestão de Pessoas na Prefeitura de Santos (SP) Atualmente trabalha como assessora na Chefia do Gabinete da mesma cidade. É também líder MLG.

Você pode saber mais sobre o assunto de Gestão de Pessoas no bate-papo online que aconteceu na Conferência Gestão Pública Municipal 2018.