Esse conteúdo faz parte do Blog do CLP. Esse é um espaço onde as lideranças formadas pelos cursos do CLP compartilham boas práticas, aprendizados e soluções que, nesse caso, foram criadas ou otimizadas através da participação no Master em Liderança e Gestão Pública. O texto, da líder Christiane Taveira, mostra como construir cultura organizacional e como engajar pessoas. Confira:
Por que a cultura organizacional importa?
Cultura organizacional. Provavelmente você já leu sobre isso, ou já ouviu falar o quanto é importante ter todos os colaboradores alinhados, remando na direção do sonho grande.
Valores como visão de dono, transparência e inovação norteiam a cultura de boa parte das organizações. Mas a verdade é que são poucas as instituições que extrapolam o conceito para mostrar a beleza dessa engrenagem funcionando.
Por definição, a cultura expressa valores, hábitos e experiências de um determinado grupo social, que se combinam e se manifestam organicamente por meio do comportamento coletivo e de mecanismos de comunicação.
Ela simplesmente acontece, e, ou você participa de uma organização onde as relações são pautadas por valores que refletem e sustentam a estratégia, ou você navega no caos dessas relações, onde não se tem clareza dos objetivos e muito menos de como conquistá-los.
Como construir uma cultura organizacional?
A primeira lição que aprendi sobre cultura organizacional é que ela tem que partir da liderança. A segunda é que a maneira que as pessoas interagem e pensam faz toda diferença para o alcance dos resultados desejados. Portanto, são os líderes que precisam:
- • Definir a estratégia;
- • Estipular os recursos que serão alocados; e
- • Pensar nas pessoas como a força motriz e agentes de todos os processos, principalmente.
Como transformar a cultura organizacional em vantagem competitiva?
Quando comecei a empreender no Rio Grande do Sul, a prioridade dos sócios e, consequentemente, da equipe era entender o que era valor para o cliente e focar na venda deste valor. Mas, à medida que a empresa foi crescendo, sentimos a necessidade de nos organizar. Isto porque um negócio é muito menos sobre o que se vende, e muito mais sobre o que sobra no final do mês e, sem resultado financeiro, não existe empresa.
Crescer sem pensar na cultura organizacional tem um impacto direto na performance da companhia. E, por uma questão de sobrevivência, começamos a repetir a máxima de que precisávamos de uma cultura de resultados.
O primeiro choque é na cabeça do líder, que precisa parar de buscar explicações ou apontar desculpas para o mal desempenho, para assumir a responsabilidade sobre os resultados positivos e/ou negativos. Feito isso, só existe um caminho viável: o de como resolver os problemas.
Simplificamos o planejamento, definimos a estratégia, estabelecemos a metodologia e os processos de acompanhamento de resultados e, principalmente, aprendemos a lidar com as pessoas. Estudamos a cultura do Rio Grande do Sul para saber quais valores seriam aceitos por aquela comunidade e como conseguiríamos guiá-los para uma nova postura engajada com os resultados e sustentada pela estratégia da empresa.
Então, paramos de fazer propaganda e investimos exclusivamente na equipe. E, após um ano de muita consistência e coerência entre o discurso e a ação, a operação do Rio Grande do Sul passou a ser a melhor do país, de uma rede com mais de 500 restaurantes.
Mas o que a gestão de uma empresa privada tem a ver com a gestão pública?
Atuando agora na Superintendência de Inovação Tecnológica do Governo de Goiás e compreendendo que, obviamente, cada setor tem suas particularidades, ainda encontro algo em comum. São as pessoas que executam os processos que entregam valor para a sociedade.
O Governo é, certamente, a maior companhia do Estado, com diversas Secretarias e núcleos muito mais independentes do que transversais. No caso de Goiás, o Governador deu o tom e tem exigido o comportamento ético, comprometimento e entregas reais para a população.
Secretários e líderes com competência técnica foram nomeados, novos processos foram criados para sustentar o desdobramento do plano de governo e a criação do PPA (Plano Plurianual) aconteceu de forma colaborativa e com autonomia da equipe para a construção de um plano exequível para o desenvolvimento do ecossistema de inovação do Estado.
De novo, simplificamos o planejamento, definimos a estratégia e estabelecemos a metodologia e os processos de acompanhamento. Agora, estamos aprendendo a lidar com as pessoas. Portanto, começamos a focar na transformação da nossa cultura organizacional com um propósito coletivo.
Iniciamos pela mudança de mindset e paramos de usar a burocracia como desculpa para a não execução das nossas tarefas. Olhamos os problemas como grandes oportunidades de sermos criativos e de sanar dores reais da sociedade.
Como resultado, entregamos uma série de projetos em tempo recorde:
- • Realizamos um evento com mais de 70 mil pessoas interessadas em tecnologia;
- • Regulamentamos o Marco Legal no Estado;
- • Criamos planos de apoio aos parques tecnológicos;
- • Lançamos o programa Centelha para aumentar a boca do funil da inovação; e
- • Daremos suporte a cada etapa da criação de um novo negócio.
As pessoas são a melhor estratégia!
Para engajar servidores e servidoras no processo, elaboramos um plano de desenvolvimento da equipe com ações de endomarketing e qualificação. Em novembro, vamos realizar a primeira convenção anual da Subsecretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação, com a presença de representantes de outras superintendências, afim de expor nosso planejamento, pactuar valores, comportamentos, processos e entregas.
Queremos funcionar como uma célula multiplicadora, a servir de exemplo para as demais secretarias. Vamos apontar um caminho real e possível para o desenvolvimento de uma cultura voltada para a inovação, atitude positiva, entendimento e resolução de problemas, no curto, médio e longo prazo. Que venha o longo prazo!
Christiane Taveira Lopes de Carvalho, é graduada em comunicação social pela UFG (GO), MBA executivo pela ESPM (RS), educação executiva em estratégia digital pela Harvard Business School (Estados Unidos) e líder pós-graduada pelo Master em Liderança e Gestão Pública – MLG. Atualmente a líder trabalha como Investidora em startups e empresas de tecnologia no Brasil, Estados Unidos e Israel.