O Programa Internacional de Avaliação de Estudantes – PISA, é um programa realizado pela (OCDE) Organização Para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, realizado a cada 3 anos, que consiste na obtenção de informações sobre o desempenho escolar, o ambiente escolar e familiar e outros fatores que interferem no ensino de alunos e alunas na faixa etária de 15 anos de idade. O PISA 2018, última edição da pesquisa, foi divulgado em dezembro.
Qual é a relevância do PISA?
Aqui no Brasil, a aplicação do PISA é responsabilidade do INEP – Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. A partir dos dados revelados através do levantamento, se torna mais objetivo o trajeto necessário afim de formular políticas de incentivo à educação.
Em outras palavras, o PISA é para a averiguação do desempenho dos alunos de 15 anos, assim como, o Censo realizado pelo IBGE é para o conhecimento sobre a atual situação de vida da população nos municípios e localidades.
Quais dados são pesquisados pelo PISA?
A avaliação procura averiguar o desempenho dos alunos em Leitura, Matemática, Ciências e o nível de bem-estar dos estudantes.
A fim de esclarecer um pouco mais sobre a importância desse retrato, mesmo que seja uma pequena parte, da nossa educação brasileira, reuni alguns levantamentos, entre muitos dos disponibilizados, para explicitar levemente as relações entre eles.
O mais recente, PISA 2018, revelou que entre os estudantes de alto desempenho escolar, em desvantagem sócio econômica aproximadamente 1 em cada 10, mas 1 em cada 25 estudantes em vantagem sócio econômica, não acredita que concluirá o ensino superior.
Quais desigualdades brasileiras o PISA 2018 apresenta?
Segundo o PISA 2018, os melhores desempenhos em determinadas áreas de ensino estão diretamente relacionados com a vantagem ou desvantagem econômica que a família do aluno (a) dispõem, além de o apoio e o tempo destinado ao auxílio do filho em suas atividades escolares. Logo a qualidade de vida da família, não determina as capacidades de sucesso escolar do aluno, mas é capaz de limitar ou alavancar as oportunidades do aluno se sair bem-sucedido.
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PISA 2018 revela os problemas do estudo durante a noite
Em famílias pobres a necessidade de um jovem precisar dividir os seus estudos com o trabalho é maior em relação as famílias mais ricas. O trabalho leva em alguns casos a troca do turno em que o aluno estuda, a noite é o turno mais comumente destinado a alunos que também trabalham.
O PISA 2018 nos mostra o quanto que essa “jornada dupla” interfere no desempenho do aluno (a), como por exemplo, o desempenho médio em leitura alcançado pelos estudantes que nunca precisaram trabalhar é significativamente maior, se comparado ao desempenho médio dos estudantes que dividem as horas de estudo com as de trabalho, como aponta a pesquisa. Observa-se que o desempenho médio dos estudantes matriculados no turno integral ou semi-integral e manhã se destaca e é superior ao dos estudantes matriculados nos turnos da tarde e noite.
Mas o que faz com que os alunos trabalhadores sejam tão prejudicados?
Problemas financeiros, são sem dúvida uma das preocupações que pode se somar as dificuldades de aprendizado na escola e consequentemente, gerar os resultados que revelam os baixos níveis de desempenho, fora os problemas subjetivos como, o cansaço que se dá devido ao trabalho e problemas pessoais, que também podem dificultar a “dupla jornada” de um (uma) jovem de 15 anos de idade. Esses empecilhos, podem ser cruciais na vida de quem nesse contexto se insere, podendo fazer o simples ato de ter grandes esperanças profissionais futuramente, exigir um enorme esforço para que essa meta se distancie cada vez mais do estigma de um sonho impossível, para que de fato se torne realidade.
O que acontece com esses alunos, depois do ensino médio?
Por mais que 63% dos estudantes brasileiros, mantenham uma mentalidade de crescimento, a esperança de um dia concluir o ensino superior, tem parecido um outro sonho distante para os alunos mais pobres. A meta de um dia ser um (uma) universitário(a), é distante não apenas por conta da falta de conhecimento do(a) aluno(a), mas também porque concluir um ensino superior é um grande dilema para os mais necessitados, que se veem entre uma difícil decisão de cursar uma faculdade privada, para conseguir trabalhar para paga-la e sobreviver com o montante que lhe restou, mesmo se sujeitando à mesma prática realizada durante o ensino médio.
Ou cursar uma federal onde além do maior esforço para ingressar, o trabalho no turno inverso muitas vezes conflitua com os horários das aulas, e nas raras oportunidades de trabalhar através da universidade, o valor recebido poderá não ser o suficiente para cobrir os seus gastos.
Apesar do público estudado pela pesquisa se limite a uma “pequena” parcela de estudantes brasileiros, já que revela dados de desempenho de alunos na faixa de 15 anos de idade, o PISA 2018 revela que, no Brasil, não necessariamente os jovens mais inteligentes tem as maiores chances de ascender profissionalmente.
Chegar a uma conclusão dessas parece logicamente errado e contraditório. Entretanto vejo que os governantes, que tem esses dados em mãos deverão ver além dos baixos desempenhos em específicas matérias e se aterem ao que os tem impedido de serem melhores alunos, dentro e para além dos portões da escola.