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Setor público acelera o processo de inovação na pandemia

A pandemia da Covid-19, que já dura há quase dois anos em nosso país, causou  e ainda causa impactos na vida de todos os brasileiros, seja naturalmente nas questões  afetas à saúde física e mental, bem como de higiene pessoal e nas relações sociais. Várias foram as implicações no setor público. A aderência a projetos e processos  inovadores deixa de ser uma opção e passa a ser considerada urgente. É fato: a doença fez com que o setor público acelerasse o processo de inovação na pandemia.

E isso é uma grande ruptura para várias organizações públicas, que se seguissem o fluxo ali  construído, ainda permaneceriam presas a processos obsoletos, culturas  organizacionais conservadoras e entregas cada vez mais distantes das reais  necessidades dos cidadãos. Prova disso, é que no Brasil, apesar das estatísticas não serem as quais gostaríamos de ter, muitos municípios brasileiros conseguiram minimizar perdas, que seriam inestimáveis.  

Aqui iremos apresentar algumas das boas práticas identificadas nas regiões norte e nordeste do país, que demonstram o caminho da inovação como meio efetivo de  beneficiar diretamente o cidadão, além de propiciar aos municípios brasileiros um desenvolvimento e progresso mais consistentes. As ações inovadoras implementadas por esses municípios se destacam especialmente pelo baixo custo e o foco na resolução das necessidades advindas da pandemia. 


Ações inovadoras de combate aos efeitos da pandemia 

Cidade-pólo de uma região que abrange uma população de mais de 350.000  (trezentos e cinquenta mil) habitantes, Abaetetuba é a 7ª cidade mais populosa do  Estado do Pará.

Inúmeras ações são desenvolvidas pela Prefeitura desse município  especialmente, a partir do início da pandemia de Covid-19, dentre elas o programa  Renda Abaeté – auxílio emergencial municipal – voltado para famílias em situação de  vulnerabilidade social. 

Nesse programa, uma renda mínima de R$450,00 (quatrocentos e cinquenta  reais) é distribuída às famílias, por meio de um cartão eletrônico, a ser utilizado no  comércio local, ou seja, a ação inovadora implementada pelo município busca minimizar  os impactos da pandemia junto à população da cidade, bem como, à economia local. 


Inovação na pandemia como meio de minimizar os efeitos do distanciamento social

Recife, capital do Estado de Pernambuco, no nordeste do Brasil, é uma das  regiões comerciais mais importantes do nosso país devido à sua localização geográfica,  bem como, pelo seu parque tecnológico e ambiente de inovação conhecido como “Porto  Digital”, responsável por, aproximadamente, 6%  do PIB do Estado de Pernambuco no ano de 2021. 

Nesse contexto, desde o início da pandemia de Covid-19, a cidade desenvolveu  mais de 180 (cento e oitenta) ações ou projetos, que abrangem treinamentos de  profissionais da área da saúde, bem como, aquisição de cestas básicas para doação às  famílias em situação de vulnerabilidade social. 

Mas, aqui destacaremos o projeto Movimenta Recife – um aplicativo gratuito  desenvolvido pela Prefeitura de Recife – que disponibiliza vídeo aulas de ginástica e  dança, dos níveis básico até o avançado, para serem praticados em casa. 

A Prefeitura de Recife voltou-se aqui para os impactos na saúde física e mental da população recifense, decorrentes dos períodos de quarentena, onde os cidadãos  perderam o acesso às academias públicas e privadas, bem como, qualquer oportunidade  de exercitarem-se nos espaços abertos e coletivos do município. 

É interessante destacar que o APP não só alcançou os cidadãos de Recife, como  de outras cidades do Brasil, além de moradores de outros países como Áustria e Bélgica.  

Podcast Coisa Pública: Inovação e desenvolvimento em tempos de coronavírus


Parcerias para rastrear a Covid-19 

Teresina é a capital do Estado do Piauí, cidade localizada no Centro-Norte do  Estado conhecida como “Cidade Verde”, devido às suas ruas e avenidas serem entremeadas de árvores. Outro fato curioso é que a capital costuma atrair milhares de  pessoas buscando tratamentos médicos avançados, pois ali se encontrariam os  melhores médicos do país. 

Caruaru é o município mais populoso do interior do Estado de Pernambuco.  Cidade conhecida como “Princesa do Agreste”, “Capital do Agreste” e a “Capital do  Forró”, ainda se destaca com o “Maior Centro de Artes Figurativas da América Latina” – título concedido pela Unesco. 

Ambos os municípios aderiram à vigilância participativa, por meio do Brasil Sem  Corona, movimento criado para ajudar a barrar o coronavírus no país, que utiliza-se de  uma plataforma colaborativa disponibilizada pela Colab em parceria com a Epitrack – uma startup do segmento de Digital Health, para monitorar o avanço do Covid-19 em uma região específica. Esse tipo de monitoramento diferencia-se dos demais, pois utiliza-se  essencialmente dos relatos da população da região em foco.  

A partir da consolidação e do tratamento dos dados coletados visualiza-se as  áreas com maior número de casos de Covid-19 possibilitando aos governos direcionar  mais efetivamente suas ações contribuindo inclusive, na prevenção de possíveis surtos.  


Destaque internacional por boas práticas no combate ao Covid-19

Salvador, a capital do Estado da Bahia, ganhou destaque no ano passado por ser  o único município do Norte/Nordeste brasileiro a ter suas estratégias de combate ao  Covid-19 divulgadas na plataforma Cities For Global Health. Tal plataforma divulga iniciativas, consideradas referência, de políticas públicas  relacionadas ao enfrentamento ao coronavírus. 

Dentre as estratégias destacadas, a utilização de um método inovador de  higienização das ruas da cidade chama a atenção, especialmente por contar com um  monitoramento e fiscalização intensos por parte da Prefeitura Municipal. O foco aqui é  o combate a proliferação do coronavírus na cidade.


União no município traz resultados eficazes 

Talvez não deveríamos considerar uma inovação na pandemia, mas uma atuação integrada,  articulada e consistente. Infelizmente, ainda não é uma realidade em todos os  municípios brasileiros. 

Por esse motivo, destacamos o município de Rurópolis, do Estado do Pará, como  uma das cidades da região norte do Brasil, que se destacou no combate ao Covid-19 por meio da criação de uma força tarefa da equipe de atenção básica do município com os  movimentos sociais ali existentes. 

A estratégia inicial criada pela Prefeitura desse município com pouco mais de 52  mil habitantes, foi a formação do Comitê de Operações Emergenciais (COE) voltado para  o combate ao coronavírus, que contava com a representatividade de vários setores da  cidade. 

Inicialmente o Comitê voltou-se para ações educativas voltadas para os idosos e  pessoas com comorbidade do município. Tais ações foram realizadas por profissionais  da educação, bem como, agentes comunitários de saúde. 

As ações seguintes, que se destacaram foram a criação do Centro Integrado de  Combate ao Covid-19 onde os cidadãos tinham acesso à exames, testes diagnósticos,  consultas, internação, transporte, assistência farmacêutica e atendimentos com  profissionais da psicologia e o Disque Vigilância, um canal telefônico por meio do qual  era realizado o monitoramento dos casos suspeitos nas unidades básicas de saúde. 


A inovação na pandemia depende de vontade política

Inovação não requer necessariamente grandes recursos, ferramentas  extremamente sofisticadas ou equipes imensas. Todas as práticas aqui relatadas, mesmo que superficialmente, indicam  criatividade, foco, meta e atuação em equipe, que são a base primordial para o desenvolvimento de qualquer ação inovadora. 

Entretanto, voltando-nos especificamente para o setor público, ficou mais  explícito que para ocorrer a inovação neste âmbito, a vontade política é indispensável E nesse sentido, a pandemia fez com que várias organizações públicas ainda não  aderentes a processos inovadores, quebrassem seus paradigmas para que pudessem  atender demandas de seus cidadãos relacionadas ao direito à saúde, à vida. 

Divulgar as práticas inovadoras desenvolvidas por diversos municípios  brasileiros, municípios esses, muitas vezes desprovidos de grandes recursos e  estruturas, torna-se essencial como forma de demonstrar a possibilidade real de  mudarmos nossa realidade, mesmo que em pequenas proporções, mas também, é  importante como meio de propagar boas ideias fáceis de serem replicadas. 

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Leia também: Pandemia e internet: o PL 3477 e o acesso à internet para o ensino básico

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