Os 100 primeiros dias de um governo são fundamentais por dois motivos: é o período em que o Executivo dita o ritmo e a cultura da sua gestão e os eleitores têm um primeiro sinal do que é prioridade do novo governo. Por isso é essencial um planejamento estratégico que envolva conjuntamente uma agenda de curto prazo, focada nas ações emergenciais, e um trabalho com ações e projetos a longo prazo.
Diante disso, os dados e informações fornecidos pelo Ranking de Competitividade dos Estados, elaborado pelo CLP – Liderança Pública em parceria com a Economist Intelligence Unit e a Tendências Consultoria Integrada, são tão importantes. De acordo com a edição publicada em 2018, Goiás apresentou mau desempenho, em relação aos outros estados, nos indicadores que mensuram o Potencial de Mercado e, sobretudo, a Infraestrutura.
Baseado em 68 indicadores, que compõem dez pilares, o Ranking é uma poderosa ferramenta para avaliar o desempenho regional e definir as áreas prioritárias para o governo. De acordo com o levantamento, Goiás é o último colocado entre os estados no custo de saneamento básico e penúltimo na qualidade de energia elétrica. A mobilidade urbana é outro indicador defasado, na 22ª colocação.
Atualmente, 44% da população do estado não tem acesso ao serviço de esgoto. O abastecimento de água tratada, ao lado da coleta e tratamento de esgoto sanitário são direitos fundamentais do cidadão. A prestação inadequada do serviço é causa de doenças graves, internações e até mesmo a morte.
De acordo com o plano de governo de Ronaldo Caiado, o objetivo é incorporar o saneamento básico na pasta de meio ambiente e de habitação social, além de reformular a política de gestão da Companhia Saneamento de Goiás (Saneago).
A expectativa do governador é que a infraestrutura seja a pauta prioritária do Consórcio Interestadual de Desenvolvimento do Brasil Central (BrC), formado por 07 unidades federativas (Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Tocantins, Rondônia e Maranhão) e que tem o objetivo de fomentar a cooperação institucional em projetos comuns de desenvolvimento, priorizando áreas de desenvolvimento econômico e social, agropecuária, infraestrutura e logística, industrialização, educação, empreendedorismo, inovação e meio ambiente.
Na prática, o foco do governo nesses 100 primeiros dias de gestão é a melhora e a expansão da malha rodoviária e as tentativas de diminuir o rombo fiscal. Espera-se também que outras promessas de infraestrutura sejam encaminhadas nas próximas semanas, como reformas das vias de escoamento de grande fluxo, essencial para economia do estado que tem base agrícola exportadora.
Os indicadores relativos ao capital humano indicam um ponto que merece um olhar especial por parte do novo governante. Em quatro anos, Goiás patinou, oscilando da 17ª posição na área para a 18ª. Nessa área, o estado teve maus resultados sobretudo em relação à sua população economicamente ativa com ensino superior, cuja taxa era, há quatro anos, a 14ª e hoje é apenas a 16ª do País. Somente 14,44% dos trabalhadores do Estado têm mais de 15 anos de estudo, número que se encontra abaixo da média nacional, que é de 16,1%, e da média da Região Centro-oeste, que é de 18,6%. Ainda no papel, a proposta do governador passa por mais investimentos para a Universidade Estadual de Goiás (UEG) e a ampliação do ensino técnico no estado. Promessas ainda para se observar.
São essas as áreas para as quais o governador Ronaldo Caiado deve voltar seus olhos e seus esforços. Afinal, a partir de um diagnóstico preciso, atuar nos setores que mais carecem de atenção em cada estado é fundamental para que o governo cumpra a missão de garantir o bem-estar da população e o desenvolvimento socioeconômico sustentável. Caiado vem mostrando esforços nas pautas de infraestrutura e equilíbrio econômico, mas precisará dar início a medidas mais concretas para reverter o quadro em que assumiu o estado.