Crédito: Fórum Floripa Quer Mais
A segunda edição do Fórum Floripa Quer Mais, realizada nesta segunda-feira (19) em Florianópolis, abordou o desenvolvimento urbano e a ressignificação de espaços públicos diante de um auditório lotado, com mais de 150 pessoas presentes. Segundo o coordenador do Fórum, Gabriel Kazapi, a iniciativa visa a abertura de um espaço de interlocução, para construir uma pauta política positiva para a cidade e formar uma rede de debate perene entre diferentes agentes sociais.
Cidade para pessoas
Uma cidade mais humanizada ao invés de motorizada. É o que defendeu o palestrante Milton Carlos Della Giustina, representante da ViaCiclo (Associação dos Ciclousuários da Grande Florianópolis). De acordo com Della Giustina, é preciso quebrar o paradigma de que ciclistas estão combatendo motoristas e que isso só acontece por meio do diálogo. “Não somos contra o uso do carro, mas a favor de que todo cidadão tenha direito de escolher o modal que queira usar”, complementou. Para Della Giustina, deveríamos exigir obras de qualidade e responsabilidade com o uso do dinheiro público e deixar de aceitar tudo passivamente. O representante da ViaCiclo mostrou imagens de obras de ciclovias e ciclofaixas mal planejadas e de bons exemplos de cidades como Bogotá, na Colômbia, e Münster, na Alemanha.
Parceria público-privada e associativismo
A união entre os lojistas, a Associação Comercial e Industrial de Florianópolis (Acif), o Sebrae e a parceria com a prefeitura foi a receita de sucesso para a revitalização da rua Vidal Ramos e inauguração do Vidal Ramos Open Shopping, segundo Rose Macedo Coelho. Para a presidente da Associação de Logistas da Vidal Ramos, o associativismo foi o segredo para que o projeto saísse do papel e se tornasse realidade. “A intenção agora é replicar o modelo em outras ruas de Florianópolis”, revelou.
Gestão democrática e mudança cultural
“A atitude cria e modifica a cidade em que vivemos”. Com essa máxima, o arquiteto e urbanista Weber Sutti iniciou sua participação no evento. Chefe de gabinete da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano na gestão Haddad, Weber defendeu que o maior problema da cidade é cultural, mas que o plano diretor foi criado para mudar a mentalidade e os hábitos do cidadão paulista. “Todo mundo tem direito de ter um carro, o problema é torná-lo o veículo padrão para o deslocamento dentro da cidade”, comentou.
Sutti apresentou resumidamente o plano diretor estratégico da cidade mais populosa do Brasil, que atua em duas frentes principais: equilíbrio entre o espaço para moradias e emprego e socialização dos ganhos produtivos. Entre as inovações do plano, estão o pagamento por prestação de serviços ambientais, a função social da propriedade e a humanização das ruas, com a criação de parklets, revitalização de ambientes públicos de convivência e Wi-Fi gratuito nas praças da cidade. “O uso do espaço público é mais efetivo para humanizar e tornar uma área segura do que uma política de repressão”, defendeu Sutti.
No entanto, para Sutti, o grande trunfo do plano é a gestão democrática: todos os dados sobre as obras do plano diretor estão disponíveis online para qualquer pessoa acessar. “Os agentes da sociedade precisam ter acesso às mesmas informações que os órgãos públicos para estabelecermos um diálogo rico e transparente”, finalizou.