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Para a crise doer menos

 

A grave crise financeira que atinge os estados brasileiros não impediu que alguns governadores melhorassem a administração pública. Em muitos casos, os esforços só serão sentidos nos próximos anos, mas alguns resultados já são perceptíveis.

É o que revela a nova edição do Ranking de Competitividade dos Estados, organizado pelo Centro de Liderança Pública (CLP), com apoio técnico da Consultoria Tendências e da Economist Intelligence Unit, a divisão de pesquisas do grupo britânico que publica a revista The Economist. São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Distrito Federal foram considerados os estados mais competitivos do país, status que já desfrutavam na última edição do ranking, mas Mato Grosso do Sul ficou logo atrás, em quinto lugar, ao ganhar quatro posições.

O ranking foi lançado em 2014, com o objetivo de aferir o desempenho dos estados em diferentes áreas, da educação à sustentabilidade ambiental, da segurança pública à infraestrutura, servindo como ferramenta para o aprimoramento de políticas públicas e do ambiente de negócios.

São analisados 65 indicadores em dez pilares. Mato Grosso do Sul avançou graças ao salto dado em duas áreas fundamentais para o desempenho econômico: infraestrutura e capital humano.

O estado atraiu investimentos importantes, como a ampliação da fábrica de celulose da Fibria na cidade de Três Lagoas, um projeto de 2,3 bilhões de dólares.

O Amapá foi o que mais avançou: passou da 25 posição para a 16, com melhorias em finanças públicas e no potencial de mercado (o estado inaugurou neste ano um porto para a exportação de soja).

O Espírito Santo, líder em eficiência da máquina pública, compensou a queda de 416 milhões de reais em receita proveniente dos royalties de petróleo em 2015 com um plano de recuperação da dívida ativa que rendeu 483 milhões de reais extras.

O governo capixaba reduziu em 12% o número de cargos comissionados e criou uma força-tarefa para cortar em 10% as despesas administrativas. "É um momento que exige perseverança dos governadores para adotar medidas que são impopulares mas fundamentais para resgatar a competitividade do país", disse Luiz Felipe d'Avila, presidente do CLP, no evento de divulgação do ranking, na semana passada.

A divulgação do índice coincide com o momento de descalabro da maior parte dos estados. O crescimento ininterrupto do pagamento de servidores e aposentados fez disparar as despesas, enquanto a recessão derrubou as receitas de tributos.

Sem recursos em caixa, estados atrasam o pagamento do funcionalismo e de fornecedores em áreas essenciais como a saúde.

Na semana passada, vinte governadores das regiões Nordeste, Norte e Centro-Oeste enviaram ao presidente Michel Temer uma carta em que ameaçam decretar, em conjunto, calamidade pública caso não recebam novo socorro do governo federal — neste ano, a União já havia aceitado renegociar a dívida dos estados, concedendo melhores condições de pagamento. Sem reformas, liberar verbas adicionais seria simplesmente desperdício e incentivo aos maus gestores.

Melhor que isso seria os governadores seguirem os bons exemplos que, apesar de tudo, aparecem em alguns estados.

 

 

 

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