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Projeto Brasil: 4 dados sobre a realidade da educação no país

Este é o artigo inicial da série de conteúdos que o CLP irá publicar até setembro de 2018: Projeto Brasil. Com ela, temos o objetivo de levantar questionamentos relevantes sobre:

Educação;

Desenvolvimento econômico;

Saúde;

Segurança pública;

Infraestrutura;

Sustentabilidade; e

Competitividade.

A construção de um país melhor passa necessariamente pela oferta de uma educação de qualidade, capaz de atender todos os cidadãos, respondendo às necessidades de uma vida em sociedade e de acesso ao mercado de trabalho.

No caso do Brasil, podemos dividir o sistema educacional em:

  • Ensino infantil (creches e pré-escolas);
  • Básico (séries fundamentais e médio); e
  • Superior (técnico e universidades).

Cada um deles tem suas particularidades e desafios. Alguns desses desafios serão expostos a seguir a partir de dados, que servem praticamente como uma fotografia da realidade triste e chocante de Brasil.

 

No ensino fundamental público, o número de crianças de até 8 anos que não conseguem identificar palavras com base em imagens é maior que a população de Santos.¹

O número de crianças de até 8 anos que não consegue identificar a finalidade de textos simples é 2 vezes maior que a população da capital do Espírito Santo.¹

 

O que essa estatística nos diz é que mais da metade das crianças que finalizam o último ano do ensino Fundamental não conseguem resolver questões básicas como:

Fonte: Relatório de Resultados da Avaliação Nacional de Aprendizagem, INEP, 2017

ou

Fonte: Simulado 01, 3º ano ANA – Blog do Prof. Adonis

Essa realidade foi exposta pelos dados da Avaliação Nacional de Alfabetização (ANA), realizada em 2016, com mais de 2 milhões de estudantes da educação básica de todo o Brasil. Por outro lado, segundo pesquisa do IBGE de 2013, 98,3% das crianças de 6 a 14 frequentavam regularmente a escola.

Desse modo, fica claro que o fato de termos crianças na escola não necessariamente significa que elas estão aprendendo. Logo, um real desafio do Brasil se relaciona à melhoria da qualidade do ensino na educação básica.

A partir desse cenário, é possível refletir sobre quais seriam soluções capazes de construir outro Brasil para nossas crianças:

1. Para os políticos e gestores públicos, o que seria prioritário: construir mais escolas ou investir no desenvolvimento do professor? O que a realidade local diz sobre essas possibilidades de alocação de recursos?

2. Qual o papel dos pais na educação dos filhos? Que políticas públicas podem ser feitas para aumentar a participação das famílias no processo de aprendizagem das crianças?

3. Que outras metodologias e tecnologias podem ser agregadas ao processo de ensino para contribuir com o aprendizado? O que é possível de ser executado por cada realidade do país?

 

60% dos estudantes do 3º ano do ensino médio não são capazes de interpretar corretamente um gráfico simples.²

 

Em realidade similar à educação fundamental, os estudantes do ensino médio também apresentam desempenho abaixo do esperado ao se mostrarem incapazes de interpretar corretamente o seguinte exemplo de gráfico:

Fonte: Relatório SAEB (ANEB e ANRESC) Panorama da Década, INEP, 2015

Novamente, é possível notar a baixa qualidade na educação básica, no entanto o número de alunos matriculados no ensino médio não é tão positivo como no fundamental. Segundo relatório da OCDE de 2017, 41% dos estudantes abandonam o ensino médio sem se formar.

Dessa forma, para o ensino médio, encontramos dois reais desafios: como aumentar a qualidade da educação e como aumentar o número de jovens que concluem as três séries da educação média. Portanto, essa realidade nos leva a questionar:

1. Que reformas e investimentos podem ser priorizadas pelos governantes e gestores públicos para oferecer educação de qualidade aos jovens brasileiros?

2. É preciso contratar mais professores ou capacitar e valorizar os já contratados?

3. Que políticas podem ser feitas para tornar a experiência escolar dos jovens mais atrativa?

52,6% dos jovens de 16 a 29 anos estão desempregados.³

 

Com a queda da qualidade e da presença do jovem no Ensino Médio é quase esperado que capacidade das instituições de educacionais brasileiras em preparar os alunos para o mercado de trabalho seja ruim e que o total de brasileiros com diplomas de graduação seja pequeno.

A consultoria MC Kinsey divulgou em 2014, em parceria com o CLP e outras organizações da sociedade civil, o estudo Visão Brasil 2030, que aponta que o acesso à educação superior aumenta em até 3 vezes a chance dos jovens de encontrar emprego e possibilita uma renda até 3 vezes maior. Por outro lado, segundo dados da OCDE de 2014, apenas 14% da população brasileira adulta chega à educação superior, um dos fatores chave para aumentar a empregabilidade e as chances de ascensão social.

No estudo da Mckinsey, foi demonstrado também que a quantidade de recursos destinados ao ensino superior é 6 vezes maior do que o valor gasto por aluno no Ensino Infantil. Ou seja, ainda que tenhamos maior investimento para formar bacharéis, licenciados e tecnólogos, o nível de conhecimento necessário para o jovem ingressar nas instituições de ensino superior não é suficiente, dada a baixa qualidade do ensino básico.

Identificamos assim os reais desafios de como aumentar o acesso de jovens ao ensino superior e como melhorar a conexão entre educação e empregabilidade. A partir desses pontos, os seguintes questionamentos se fazem oportunos:

1. Que políticas educacionais são capazes de expandir o acesso ao ensino técnico e superior?

2. Que programas transversais podem contribuir para a empregabilidade dos jovens com ensino técnico?

3. Como fomentar uma alocação de recursos entre os 3 níveis de ensino a fim de melhorar o preparado dos jovens para o mercado de trabalho?

¹Relatório de Resultados da Avaliação Nacional de Aprendizagem, INEP, 2017

²Relatório SAEB (ANEB e ANRESC) Panorama da Década, INEP, 2015

³Síntese de Indicadores Sociais – IBGE, 2016

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