A adoção da tecnologia para solucionar os diversos problemas na gestão pública tem ganhado força nos últimos anos, principalmente com a popularização do uso de smartphones e a democratização no acesso à internet. Além disso, a crise gerada pela pandemia do Coronavírus serviu como um “modo turbo” na adoção dessas tecnologias. As políticas de isolamento, que em vários momentos incluíram a suspensão dos atendimentos presenciais em órgãos públicos, e a maior familiaridade dos cidadãos com o uso de aplicativos para realizar atividades que antes faziam de forma presencial, como fazer compras e estudar, foram os principais drivers dessa mudança.
E essa adesão não está restrita às grandes capitais e nem a uma área específica da gestão. Vamos conferir alguns casos?
Blockchain para rastreamento de resíduos sólidos
A Blockchain, tecnologia por trás das criptomoedas como o Bitcoin, está sendo utilizada pela Prefeitura de São Paulo para rastrear todos os envolvidos na cadeia do lixo, incluindo geradores, transportadores e receptores. No CTR-E (Cadastro de Transporte de Resíduos) estão registradas todas empresas paulistanas, o volume de lixo que cada uma produz e qual destino elas dão a esses materiais. Com esses dados em mãos, a Prefeitura consegue planejar melhor a coleta dos resíduos e, principalmente, direcioná-los para a melhor solução de tratamento, reduzindo assim o impacto ambiental.
Além de todas as vantagens para o meio ambiente, a utilização da Blockchain vai permitir uma economia de até R$ 130 milhões por ano e oferecer um ganho considerável na confiabilidade dos dados, já que todas informações nela registradas são criptografadas e protegidas de alterações.
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Telemedicina para levar atendimento médico especializado onde não tem
Em Vila Pavão, município com menos de 10 mil habitantes na região noroeste do Espírito Santo, a população pode consultar especialistas em endocrinologia, nefrologia e cardiologia sem sair de casa. As consultas são feitas por videoconferência e permitem o atendimento a cidadãos de municípios que não têm especialistas em algumas áreas a um custo muito reduzido para o poder público. Campo Bom (RS), outro município que experimentou a implantação de telemedicina, estima qu
o investimento nesse novo método seja 80% menor que na disponibilização de novas unidades de saúde com atendimento presencial.
A enfermeira Valquiria Wutke Reetz, servidora da Prefeitura de Vila Pavão que acompanhou a implementação do serviço, afirmou que esperava alguma restrição por parte da população, mas foi surpreendida. “Ao contrário do que eu pensei, os pacientes do município assimilaram bem ao novo método”, completou.
Foto: Prefeitura de Vila Pavão (ES)
Tecnologia para reduzir as aglomerações no transporte público
Em meio à pandemia do Coronavírus uma das estratégias adotadas pelos municípios foi reduzir a aglomeração de pessoas, mas sem prejudicar a mobilidade dos profissionais de setores essenciais. E a utilização da tecnologia permitiu que o município de Goiânia implantasse uma espécie de escalonamento na utilização do transporte público. A CMTC, companhia responsável pela regulação do transporte na região, implantou um sistema onde apenas os trabalhadores de setores essenciais, previamente cadastrados, tiveram acesso ao transporte público durante os horários de pico. A medida reduziu em 40,6% o fluxo de passageiros nos horários em que antes havia aglomeração mais intensa.
Foto: Assessoria CMTC
Tudo isso só foi possível por conta da utilização de cartões individuais, atrelados ao CPF do usuário, que utilizam RFID para liberação de catracas eletrônicas. No momento da liberação as catracas se conectam ao sistema e verificam se aquele usuário tem permissão para utilizar o sistema de transporte público.
Tecnologia israelense na segurança pública de Fortaleza
O cidadão de Fortaleza tem se sentido mais seguro graças à implantação de câmeras de vigilância desenvolvidas em Israel, que se tornaram o braço direito da Guarda Municipal. Esses equipamentos especiais são capazes de detectar metais, como armas de fogo, fazer registros biométricos, acionar alarmes, reconhecer situações de risco e realizar a identificação de criminosos. A instalação dessa espécie de “Big Brother Fortaleza” permitiu que as equipes de segurança do município estendessem sua atuação e criassem “olhos” onde a presença permanente de guardas municipais seria inviável.
Viu como a tecnologia pode ser uma grande aliada das prefeituras? Os limites para adoção desses novos meios para solucionar os problemas do cidadão estão mais ligados à iniciativa dos gestores em buscar caminhos inovadores, do que nos custos ou nas dificuldades dos cidadãos com o uso dessas tecnologias.
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