Segundo índice da ONG Save the Children, o Brasil é o pior país da América do Sul para ser menina. A partir dos dados coletados referentes a casamento infantil, gravidez na adolescência, mortalidade materna, conclusão do ensino secundário e representação das mulheres no parlamento em relação aos homens, o Índice de Oportunidade para Meninas ranqueia os países de acordo com sua capacidade de propiciar desenvolvimento social às suas meninas.
Ocupando o 102° lugar no ranking, o Brasil mostra disparidades entre as oportunidades dadas às meninas e o seu desenvolvimento econômico – o país representa a 9a economia do mundo em 2016 -, se aproximando de países muito menos desenvolvidos como Gana e Haiti, que estão na 100a e 105a posições do ranking, respectivamente. O estado alarmante do Brasil se deve, especialmente aos alto índice de gravidez na adolescência e casamento infantil, além de baixos níveis de representatividade parlamentar.
Neste cenário preocupante, cabe à gestão pública investir em políticas que reduzam as lacunas de oportunidade desde a representatividade feminina na política – que é forte porta de entrada para políticas públicas voltadas a questões de gênero -, até a atuação direta nas áreas que influenciam os pilares em que o Brasil obteve pior desempenho.
É importante ressaltar que as necessárias ações voltadas à redução das disparidades entre gêneros não almejam aumentar os direitos o serviços públicos de um grupo em relação a outro, mas reduzir lacunas e permitir que todos tenham as mesmas oportunidades de desenvolvimento. De modo que são, por exemplo, áreas e as respectivas diretrizes de destaque que podem oferecer melhorias às condições das meninas no Brasil:
Saúde
→ Humanização de profissionais e serviços em, especial nas áreas de obstetrícia e ginecologia, expandindo o atendimento pré-natal e acompanhamento de gestantes, puérperas e recém nascidos;
→ Campanhas de conscientização e prevenção de gravidez precoce;
→ Humanização de profissionais e serviços para meninas vítimas de violência;
→ Campanhas de conscientização de doenças sexualmente transmissíveis, métodos anticoncepcionais e campanhas de vacinação contra o HPV;
→ Universalização e conscientização dos exames de papanicolau e mamografia a fim de propiciar o diagnóstico precoce de doenças e permitir tratamentos adequados.
Educação
→ Construção de creches e aberturas de mais vagas para a educação infantil tanto para que as meninas estejam em ambientes seguros e de aprendizado desde cedo, quanto para permitir o engajamento produtivo de mães e irmãs mais velhas;
→Universalização da educação básica e ampliação das condições de acesso à educação na cidade e no campo, abrindo – a partir do ensino médio – mais vagas para o período noturno a fim de que o horário da escola não cause conflito de interesse com outras atividades das meninas;