Na noite desta segunda-feira, 30, o Centro de Liderança Pública (CLP) comemorou 10 anos de atividades, em um jantar exclusivo para convidados. O tema “Brasil Presente, País de Futuro” serviu de pano de fundo para a celebração, que teve como atração principal a presença dos pré-candidatos à presidência da República Geraldo Alckmin (PSDB), João Amoêdo (Novo) e Henrique Meirelles (MDB) que debateram temas relevantes para o futuro do Brasil como: saúde, educação, desenvolvimento econômico, gestão de pessoas no setor público e as reformas política e da previdência.
Após a apresentação dos dados do “Visão Brasil 2030” apresentados pelo sócio da McKinsey, Nicola Calicchio, Thais Herédia destacou que um dos principais desafios do futuro presidente da República será “estancar a rota do regresso”, que o país tomou nos últimos anos, com o baixo no desempenho da educação, aumento dos problemas na gestão da saúde pública e queda nos índices de crescimento.
Ao serem questionados sobre a importância das reformas políticas dentro das suas plataformas de governo, os cadidatos defenderam a adoção do voto distrital e distrital misto, pela capacidade desses modelos de gerar proximidade e aumentar o poder de fiscalização da população sobre os políticos eleitos. As questões partidárias também entraram em pauta e, enquanto o candidato do PSBD defendeu a redução do número de partidos, a proposta apresentada pelo partido Novo foi o fim dos privilégios partidários, por meio do corte de financiamentos públicos e a desburocratização para a criação de novas legendas, desde que financiadas pelos próprios correligionários.
Escolhido por sorteio para ser o primeiro a responder sobre a reforma da previdência, Amoêdo disse que o tema é prioritário para o seu plano de governo, uma proposta que deve ser colocada em pauta no “dia zero” do mandato.”Se a reforma da previdencia não for feita faltará dinheiro para a saúde, educação e mesmo para pagar os aposentados futuros”, afirmou o candidato que defende a idade mínima de aposentadoria 65 anos para homens de mulheres, vincular a atualização do valor pago aos aposentados aos índices de inflação, cobrar pela aposentadoria rural e equalizar a aposentadoria das áreas pública e privada.
“A reforma da previdência é uma iniciativa urgente”, defendeu Geraldo Alckmin, que também prometeu que esta seria a primeira medida de um possível governo. A proposta do candidato também prevê a igualdade entre o setor público e privado, que deve ter o seu valor mínimo pago com base no teto do INSS de R$ 5.600, com a adição de uma complementação definida pela contribuição feita pelo trabalhador durante o tempo de trabalho. Já Henrique Meirelles enfatizou a necessidade se aprovar a proposta que foi para a votação na Câmara no ano passado e lembrou o possível defict fiscal que o país enfrentará. “Em algumas décadas nós teremos que aumentar a carga tributária em 10% do PIB apenas para financiar o crescimento do deficit da previdência”, afirmou o ex-ministro da Fazenda.
A curadoria do painel foi feita pela coordenação do CLP, com o apoio do estudo “Visão Brasil 2030” da consultoria da Mckinsey, do “Todos para a Educação”, do “Educação Já” e da jornalista Thaís Heredia, do canal My News, que mediou o debate. Além dos três candidatos que compareceram também foram convidados: Marina Silva, Jair Bolsonaro, Ciro Gomes, Álvaro Dias e o representante do PT Fernando Haddad. Os convidados foram escolhidos com base em uma matriz elaborada pelo CLP que levou em consideração aspectos como: diversidade de gênero, espectro político, resultados em pesquisas estimuladas e viabilidade de ser cabeça de chapa.
Educação
O estudo Visão Brasil 2030 apresentado pela Mckinsey em parceria com o CLP, trouxe dados impactantes sobre a Educação brasileira nos últimos quatro anos: o Brasil saiu da 57ª para a 63ª posição no ranking mundial do PISA, Programa Internacional de Avaliação de Alunos. Além disso, menos da metade das crianças de até oito anos pode ser considerada alfabetizada. A maior parte delas não consegue concluir tarefas como reconhecer que quatro moedas de R$ 0,50 e uma nota de R$ 2 têm o mesmo valor, ou então somar 24+17 no papel. Ao final do ensino médio, 93% dos jovens não têm aprendizado adequado em matemática, necessário para resolver problemas de porcentagem ou aplicar o Teorema de Pitágoras.
Neste contexto os candidatos defenderam a necessidade de se investir na educação básica, de 0 a 7 anos, período no qual as crianças retêm mais conhecimento, segundo especialistas. A capacitação dos professores e o estimulo a carreira também entrou em pauta e o candidato do PSDB, Geraldo Alckmin, propôs que fosse dada uma bonificação aos funcionários das escolas que mostrassem uma melhora na qualidade do ensino das instituições. Além da melhora na remuneração, João Amoêdo destacou também, a necessidade de melhorar as condições de trabalho e a qualificação dos professores. Como exemplo nacional de boas práticas da educação, Meirelles, lembrou o exemplo do estado do Ceará, que aumentou os salários dos professores e bonificou alunos e instituições que apresentaram uma melhora no desempenho.
Saúde
Em 2014, o estudo Visão Brasil 2030 definiu, a partir da colaboração com cerca de 30 especialistas, a aspiração para o país no campo da saúde e seus três objetivos para alcançá-la. Já neste ano o estudo foi revisto, avaliando o progresso do Brasil durante o período. De acordo com a pesquisa, o resultado desejável ainda está longe de ser atingido. Entre os retrocessos ocorridos entre 2014 e 2017 estão os seguintes itens: o Brasil perdeu cerca de 20 mil leitos hospitalares, as mortes por doenças crônicas cresceram 2%, a taxa de vacinação de algumas das principais doenças diminuiu e a incidência de HIV aumentou em 50%.
Sobre o tema da saúde o candidato Henrique Meirelles defendeu um sistema integrado de prontuário eletrônico que pudesse armazenar os dados dos pacientes, com todos os resultados de exames desde o nascimento. Já João Amoedo propõem uma gestão do SUS mais autônoma, a regulamentação das organizações sociais de saúde e a privatização da gestão de alguns hospitais. Para o candidato tucano, Geraldo Alckmin é preciso investir no saneamento básico para evitar doenças causadas pela contaminação em esgotos à céu aberto, e programas eficazes de vacinação.
Desenvolvimento econômico
De acordo com o estudo, o Brasil não apenas pouco conseguiu avançar em seus principais objetivos econômicos ao longo dos últimos quatro anos, mas fica para trás do ritmo necessário para acompanhar outros países emergentes. Em relação a produtividade, por exemplo, o país ainda não consegue acelerar o suficiente para competir com um grupo de nações formado pelos integrantes do BRIC, mais o México e o Chile. O Brasil hoje está à frente apenas da Índia e, caso mantenha seu ritmo atual, deverá ser ultrapassado dentro de dez anos, caindo para o último lugar do grupo.
Para o candidato do MDB, Henrique Meirelles, a melhor forma de aumentar a produtividade do país é por meio da abertura comercial, com aumento da importação de novas tecnologias, e tratados internacionais, além da simplificação tributária. “O Brasil é um país muito difícil para quem quer empreender”, destacou João Amoedo, que também defende a reforma tributária e uma mudança na legislação econômica de forma a tornar o país mais liberal. Por último, Geraldo Alckmin propôs uma agenda de produtividade, na qual o Estado garanta a competitividade, e a diminuição do custo Brasil, que seria possível com a realização das reformas política, tributária, do ensino e a busca de parcerias internacionais.
Confira essa e outras propostas dos candidatos na íntegra: