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Fiocruz e Butantan: Como se consolidaram as instituições-chave na produção de vacinas no Brasil

Responsáveis pela produção de vacinas, como a Oxford-AstraZeneca e a CoronaVac, além de uma nova vacina e de um soro contra o novo coronavírus (Covid-19), a Fiocruz e o Instituto Butantan têm um passado em comum.


Os Institutos Soroterápicos e a produção de vacinas

Em 1899, um surto de peste bubônica em Santos ressaltou a importância de produzir o soro antipestoso no Brasil. Importado da França, o custo e a demora dificultavam o combate à doença. Em 1900, é criado o Instituto Soroterápico Federal, hoje a Fiocruz – Fundação Instituto Oswaldo Cruz; e em 1901, o Instituto Soroterápico do Estado de São Paulo, hoje o Instituto Butantan.

Por se tratarem de instituições congêneres, ambas foram criadas com características semelhantes. Construídas em locais afastados dos centros urbanos do Rio de Janeiro e São Paulo, nas fazendas Manguinhos e Butantan, onde se iniciaram pesquisas científicas para além da produção do soro.

Em 1918, o Instituto Vacínico do Rio de Janeiro é incorporado ao Instituto federal, e em 1925, o Instituto Vacinogênico de São Paulo, ao Instituto paulista. As duas instituições produziam a vacina antivariólica (contra a varíola) no Brasil. Com a incorporação, os recém-nomeados Instituto Oswaldo Cruz e Instituto Butantan tornam-se responsáveis pela produção de vacinas no país.


A Fiocruz

Fundada pelo médico Oswaldo Cruz, a instituição passou a homenageá-lo como Instituto Oswaldo Cruz (IOC) e depois Fundação Instituto Oswaldo Cruz (Fiocruz). A instituição foi fundamental para a criação do Departamento Nacional de Saúde em 1920, “antecessor” do Ministério da Saúde, a quem hoje se vincula, e é referência em pesquisas de saúde pública.

Leia também: SUS: Como nasceu e o que representa para a saúde pública brasileira?

Dentre suas unidades técnico-científicas destacam-se a Farmanguinhos (Instituto de Tecnologia em Fármacos), que produz medicamentos, incluindo os para o tratamento e prevenção de HIV/Aids, e a Bio-Manguinhos (Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos), responsável pela produção de vacinas destinadas ao Programa Nacional de Imunização (PNI) do SUS:

  • DTP e Hib (contra difteria, tétano, coqueluche e Haemophilus influenzae tipo b);
  • Febre amarela;
  • Haemophilus influenzae tipo B (meningite e pneumonia);
  • Meningite A e C;
  • Pneumocócica 10-valente;
  • Poliomielite oral (VOP);
  • Poliomielite inativada (VIP);
  • Rotavírus humano; tríplice viral (contra sarampo, caxumba e rubéola);
  • Tetravalente viral (contra as doenças da tríplice e catapora).

Além dessas, a Bio-Manguinhos, por meio da parceria com a Universidade de Oxford (Reino Unido) e da farmacêutica anglo-sueca AstraZeneca, tem também produzido a Vacina Covid-19 (recombinante), conhecida como vacina Oxford/Astrazeneca contra o novo coronavírus.


O Instituto Butantan

Fundada pelo médico Vital Brazil, o Instituto Butantan se destacou ao longo de sua trajetória pela produção de soros antiofídicos (contra veneno de cobras). Vinculado à Secretaria de Saúde de São Paulo, a instituição é a principal produtora de soros do país, também responsável pela produção de vacinas ao PNI:

  • Hepatite B;
  • Raiva;
  • Influenza (gripe);
  • DTP (contra difteria, tétano e coqueluche);
  • DT (dupla infantil);
  • dT (dupla adulto).

Além dessas, o Butantan, em parceria com o laboratório chinês Sinovac, tem produzido a Vacina adsorvida covid-19 (inativada), conhecida como CoronaVac. O Instituto também iniciou o desenvolvimento da vacina ButanVac, com a tecnologia usada na produção da vacina contra a gripe, e de um soro contra covid-19


Semelhanças e diferenças

A Fiocruz e o Instituto Butantan desenvolveram forte tradição de ensino, pesquisa e extensão. Ambas contam com a oferta de cursos e equipamentos culturais para a difusão da ciência. Também apresentam aspectos semelhantes de gestão, com fundações de apoio de direito privado, sem fins lucrativos, para gerir recursos: a Fiotec (Fundação para o Desenvolvimento Científico e Tecnológico em Saúde) e a Fundação Butantan.

Como instituição federal, a Fiocruz faz parte da administração indireta do estado. Já o Butantan, como instituição estadual, da administração direta do estado paulista. O tamanho das duas também é diferente. Das 17 unidades técnico-científicas da Fiocruz, 10 estão fora do Rio de Janeiro, em outros estados. Já o Butantan, fora da capital paulista, conta com a fazenda São Joaquim no interior de São Paulo, em São Roque, para a produção de soros.

Com um passado em comum, a Fiocruz e o Butantan trilharam caminhos que não as tornam concorrentes, mas complementares, apresentando características próprias. Seus papéis são imprescindíveis à saúde pública brasileira, consolidando-se como instituições científicas de referência internacionalmente reconhecidas.

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